Friday, August 22, 2014

Review: Renato Russo - O filho da Revolução


Renato Russo - O filho da Revolução
Renato Russo - O filho da Revolução by Carlos Marcelo

My rating: 4 of 5 stars



Não fui um grande fã do Legião enquanto a banda existiu. Tinha o segundo disco, gostava muito de 'Índios' e até gostava de ouvir algumas músicas no rádio. Mas a imagem do Renato Russo me parecia uma tentativa forçada de ser um somatório de Ian Curtis com Jim Morrison. A música tinha uns toques de pós-punk inglês que para mim não se encaixavam no contexto de rock brasileiro. Como fã de Joy Division, não gostava de ouvir a versão tupiniquim da banda inglesa. Fiquei nesse esnobismo crítico idiota e perdi o bonde na sua primeira passagem. Com o passar de 15 anos, notei que a vontade de revisitar o acervo da banda crescia cada vez mais. A um certo ponto, fiquei fã de carteirinha. Ouço sem cansar cada uma das músicas do Legião, gosto de procurar videos do Aborto Elétrico pela Internet, e me impressiono com o fato de ter sido o gênio das músicas do Renato o que impulsionou o começo do Capital Inicial.

Descobrir esse livro foi instrumental para que eu reparasse a minha ignorância do que o Renato e as suas bandas representaram para o estabelecimento de rock de verdade no Brasil. Sendo eu também um filho da revolução de 1964, sabia pouco de tanta coisa que o país viveu sob a ditadura. Este livro preenche essas duas lacunas e mostra no contexto histórico o surgimento do rock em Brasília. Além disso, explora até que direitinho a complexa personalidade desse mito e dos seus relacionamentos pessoais. Achei muito bacana a quantidade de fotos, rabiscos e notas dos cadernos do próprio Renato porque te aproximam da narrativa e do "personagem" central.

Só que faltou uma estrela para ficar um livro realmente excelente. Achei as últimas 50 páginas um pouco corridas, como se o gás do autor tivesse acabado ou como se o editor tivesse podado a extensão do livro. Ou talvez, eu simplesmente não queria que o livro acabasse. Não sei. Outra coisa que percebi foi que o trabalho de desenvolver uma perspectiva histórica para dar contexto à música se esgotou lá pelo governo Sarney. Não sei ao certo se o autor usou esse mecanismo para sugerir que os motivos para rebeldia tinham acabado, mas quem é brasileiro sabe bem que isso não computa.

Para quem quer mais, vale a pena assistir ao documentário "Rock Brasília" e até ao filme "Somos Tão Jovens" (que toma umas liberdades artísticas com a história, mas mesmo assim é legalzinho).




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